Ateu

Até ao ADEUS,
às mais aéreas de minhas loucas aguas ,
bonshomes sentem nas fabíolas fábulas
Bolenas Anas e Rolanda's faenas,
inspiradas nos precipícios senfins ruins,
sem nariz e até às mais fétidas de minhas falsas calmas ,
investem àureas de pressas ,
assim finas fivelas ,
às minhas presas francas e brancas ,
eslavas ,escrevo , escravizo e me deslavo ,
des'Aleixo (poeta português que não sabia ler nem escrever) ,
sem abrigo sem castigo erro ,
sou mestiço mestiçado e não sei o que ainda aqui faço ,
se trespasso o meu espaço , se fujo da colmeia ,
do melaço e da cana de açucar e do brinco areal com que brinco ou faço de palhaço
ou sou trapo d'orelhas mouchas,
tô feliz por um lado proscrito , bom... , mas por outro desisto,
Bom...bem isso é outa historia ,
a da gota d'agua renitente,a lagrima do penitente ,Enchente decorrente ,
também , se não escrever ,tem mais gente que o fará e nem as letras bestas ,
sentirão a diferença ,nem assim minhas lentes se enchem de lágrimas ,
temo que,
lástimas brandemos aos véus de pitonisas despidas e mordidas pelas pitons suas amigas ,
ai , não ,não tire a blusa que não usa ,vidente musa,
minha é ela já ,
não sou coerente ,
sou identico ao Santos Dumont ,
hoje tou sombrio , amanhã correu ,
brilho , pelo restolho e desminto a sombra que dorme e m'adorna em redor nos meus escolhos ,
se desabrigo a crença ,
aí desenbainho a lança e parto d'cruz , p'ra França de trem vagão ,
(sem a santa Aliança de sapados Prada vermelhos),
mesmo assim com a minha criança grand'eu e confiança na senda ancestral d'Atapuerca/Finisterra ,
Tua aliança , castiça , sou eu ,
todo Mauro,Muçulmano e Ateu ,Promet'eu .
 Valeu?

JORGE SANTOS

メンテナンス (Zé Pedal)

Zé Pedal ,Um pouco de história*




Olhos de um azul profundo, nariz afilado, lábios finos, cabelos sempre revoltos, feições assim um pouco hollyoodianas; corpo magro, estatura média e a pele clara, embora bronzeada pela constante exposição ao sol. Tudo isso, somado a um espírito inquieto e a uma alma pura, sempre disposta a compartilhar dos problemas do próximo e, porque não, do mundo. José Geraldo de Souza Castro, o Zé do Pedal, é assim. E isso, o faz igual e diferente. Inspira surpresa e confiança por onde passa, mesmo que a pessoa o tenha visto pela primeira vez.



Menino de origem pobre, ele nasceu em Guaraciaba/MG, em 15 de Julho de 1957. Caçula de quatro irmãos, perdeu o pai, o professor auto-didata Luiz José Martins de Castro, aos quatro meses de idade. Desamparada, a mãe, a doméstica Maria Auxiliadora de Souza Castro, três meses após a morte do marido, mudou-se para Viçosa, onde, com muito sacrifício, começou a traçar a trajetória de sua prole, transmitindo com sabedoria os ensinamentos de respeito, humildade, simplicidade, cumplicidade e companheirismo, quesitos básicos para a sobrevivência de quem não experimentou um berço de ouro.



No novo domicílio, lavando roupas para estudantes da Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), hoje, Universidade Federal de Viçosa (UFV), dona Maria começou a preparar os seus filhos para a vida, oferecendo a eles aquilo que lhe fora negado: a educação escolar. Assim, em um ambiente humilde mas de muito carinho, José começou a ensaiar os primeiros passos, sempre procurando fazer algo para ajudar a sua mãe. Quando era inverno, na época bastante rigoroso, os agasalhos eram poucos e, após suportar o frio pelas ruas, havia sempre o aconchego do lar, onde a mãe o esperava, como a todos os irmãos, com uma fogueira acesa na cozinha do pequeno casebre. Acariciados pelos afagos da mãe e o calor do fogo, todos dormiam... José sonhava, ora dormindo ora acordado...



Em certa ocasião, praticamente foi adotado por alguns estudantes da Universidade, a quem prestava pequenos serviços, depois de levar ou trazer a trouxa de roupa que sua mãe lavava. Desta amizade com os alunos, surgiram laços mais fortes, como o caso de Joenes Pelúzio Campos, que ele escolheu para padrinho.



Em época de Natal e Dia das Crianças, José gostava de olhar os presentes na vitrine. Quando chegava em casa, confeccionava os seus próprios: eram bois de chuchu, carretas com rodas de pedaços de cuia e tantos outros. A vantagem era que os presentes da vitrine estragavam e seus donos tinham que comprar outros. Os de José não, estavam no próprio quintal.



Foi assim que passou sua infância: perambulando pelas ruas de Viçosa, em busca de um futuro que insistia em não chegar. Foi engraxate e jornaleiro. Vendeu pastéis aos passageiros dos “trens de ferro” que levavam e traziam gente e notícias. Mas também fez peraltices. Foram estas peraltices que o jogaram nas mãos de comissários de menores que o enviaram primeiro ao Patronato "Escola Agrícola Arthur Bernardes", hoje Centro Tecnológico de Viçosa (CENTEV), no Bairro Silvestre, em sua cidade; depois, para a Escola XV, no Bairro Quintino, no Rio de Janeiro. As autoridades que o enviaram para lá esperavam que ele criasse juízo. Não criou. Se ter juízo é viver escravo de convenções que determinam a passagem da maioria dos seres humanos pela terra, o Zé continua sendo um desajustado.



Ficou por pouco tempo confinado naquela "Casa de Passagem”. Mesmo assim, sofreu todo os abusos da sociedade. Foi privado de muitas coisas na adolescência. Porém, descobriu que existem muitos meios de se derrubar grandes obstáculos e viu que a persistência não é o mais prática, mas de todos, o mais eficiente. Um dia, aproveitando o descuido da segurança, fugiu. Reformatório, pensou, nunca mais. Hoje é um exemplo para os jovens mostrando que nem sempre a “ocasião forma o ladrão”. Teve todas as oportunidades para se tornar um marginal, mas o ensinamento e a persistência pela dignidade o tornaram o grande homem que hoje é "descrito", através destas linhas e de toda a imprensa.



No Rio, depois da experiência de interno como menor infrator, o ciclista encontrou o seu caminho em vários episódios. Dali partiu para uma missão quase impossível por que tinha certeza de que “o possível se consegue em pouco tempo e impossível demora mais um pouco”. Ali, o futuro começou em forma de presente. Como pode uma bicicleta mudar a vida de uma pessoa? Ou ainda, uma parte dela, os pedais, da determinar o destino de um aventureiro, transformando-o em ambientalista como um Dom Quixote em sua luta contra os moinhos de vento? De repente, o mundo, tão grande para os demais mortais, tornou-se pequeno para o Zé do Pedal.



Hoje, dedica-se ao meio ambiente. É secretário geral da Fundação S.O.S Planeta Terra, organização não governamental idealizada pelo ciclista em sua viagem; assessor para o meio ambiente do Distrito LC 12 e do Lions Clube de Viçosa; e embaixador da Ong Apua Várzea das Flores, de Betim/MG. Tem participação em várias organizações mundiais e é solicitado a participar de eventos para conscientizar as pessoas do perigo que corre o Planeta pela falta de água, provocada por desperdícios e poluição dos mananciais.



Sua luta e trabalho com o meio ambiente começou pelo Rio São Francisco, onde José pôde ver, fotografar e relatar com tristeza o modo como o ser humano é incoerente no cuidado com a natureza, atirando despejos e detritos nas águas do rio sem nenhum constragimento e, por outro lado, exigindo que as autoridades tomem providências para a preservação do ecossistema.



Os barranqueiros, como são chamado os moradores ribeirinhos, o receberam com muito carinho e aproveitaram sua voz para pedir ajuda ao rio em agonia pois sua morte trará a destruição de muitos lares. Famílias inteiras já sofrem na pele as conseqüências dos atos desumanos deixados por turistas e moradores das cidades grandes que ficam próximas às margens.



Esta viagem já lhe rendeu exposições em várias cidades do Brasil e do exterior, pos ele também é fotógrafo. Além disso, ministra palestras em escolas conscientizando as crianças quanto ao valor da água e o cuidado a ser tomado para que o futuro não seja marcado por uma seca pior das já existentes no nordeste e alerta sobre a possibilidade de verdadeiras guerras futuras por um simples copo de água.



Ambientalista, aventureiro, fotógrafo, humanista, pedalista, viajante, José ou, simplesmente, Zé. São muitos os substantivos que o apresentam e os adjetivos que o qualificam.



A infância vai-se longe, mas a esperança de que há sempre um lugar para se chegar continua empurrando o aventureiro em busca de novas emoções.

Poiais Aureus

Bestiais poiais (si ) serenos ,feitos da ternura dos que me apoiam e me seguram , fratellos ,
Cheios de frescuras e cogumelos , sentem-se nos teus cabelos, nos teus braços terrenos
Nos laços em cachos de mariposas ,
Estes bestiais poiais pedestais terrenos e amenos que me alojam sendo tuas glosas e eu guloso,
São tuas tambem as rosas inventadas no tempo fugidiu em que fugi do presídio de frases feitas
E erros gramaticais,verbalizados,
Estes poiais bestiais de ar vernáculo que aqui do espaço inspiro e expiro são frescos cabelos e sistinos,são meus Hinos À  vida.


 Jorge Santos




Qomolangma

os sonhos dos anjos são tamanhos
que lençois amarrotados
não cobrem nem metade
e frangalhos d'alma nem rasuram
o que dizem os segredos dos anjos em conselhos
e concílios e vigilias estendem-se perante nós simples humanos
 que nem os sonhos dos anjos merecemos ,
somos total e irremediavelmente humanos
que nem sentimos que nos olham nos olhos como tu vida me olhas ,
meu sonho de anjo, Ciao vou tar longe,levo o teu sorriso num bolso pra tirar quando o lenço faltar

JORGE SANTOS


Tô aqui de verdade plantado,
Fui descuidado ,
Não expliquei , o que deixei na montanha ,
Tristeza tamanha,
Que m'arranha a alma ,
tê-la tão longe,
Não estou habituado a recordar ,
A minha recordação é amanhã ,
O caminho e o carinho que têm demais por mim,
Só partilhar me levou , mas fende-me o frio,
Vender-me ao vigoroso rigor d'um fio,
E ao vadio que ha em mim,
depois , fraco nem me rio ,m'arrepio 
Este vadio, desafia-me a não ficar POR AQUI ,
Tenho de partir por aí,
Tenho de atravessar o sem fim ,
Nem que morra e morrerei decerto e outra vez e as vezes todas ,
Nem que por iss'corra viuvez ,
Pra ser eu outra e outra ,
A fenda grave , que atravesso , no mais alto mastro ,
Em marte.

Jorge Santos 


Qomolangama

Toda a vida e o cosmos ,teve inicio num breve instante,
Nem longe nem perto,aqui agora e já ,ontem,
Todo o som nasce , num berro chocante,fulgurante,
Chorado e nascido do brado , da natura mãe,
Que dura  eternidades no espaço , ao pisarmos como o fazemos ,
A mãe natureza estamos a sufocar ,
E os destinos viscerais do Universo e a negarmo-nos como seus Filhos,
Salvemos o Planeta ,o nosso Unico e derradeiro Deus ,
Se queremos continuar a partilhar deste incomesuravelmente belo
Cosmos ,de cores ,de brilhos ,de olhares ,de abraços e cumplicidades.

Jorge Santos

Podia vir a ser o que voçê quizer,moinho de vento ou lamento constante

Podia vir a ser o que quizer  ao anoitecer,

Podia vir a amar o mar no quebrar e no quebra-mar,
Podia descer de rompante na caverna do Minotauro hurrante,
Podia ser sonho de Leonte e amante d'estrela distante,
Podia ser anoitecer, errante vaga-lume ,
Podia ser um tudo e nada , gato pardo no telhado em luzalite,
Ser o glamour e fazer o "tour" lunar,
Podia ser o que quizer , ao anoitecer,
Mas não sou nada , sem o teu olhar,
Obrigado pela visita,adorei ver entrar assim o sol cintilante.



jorge Santos

photogracias

CÊ tá i?
 tô bêbado de ritmo
e afino afinco no sino
e desafino ,
mas sem voçê nã atino ,
nem cinco nem trinta e cinco ,
nã minto nem tinto ,
 mas branco nã gosto ,
nem romantico co gosto demais ,
sou cínico ,
 quando digo que não quero mais ,
 escrever mas nã fico ,
e fico com mais afinco
 prá voçê ver o que sei responder ,
 no secreto delfim jardim e decreto livre transito ,
 ao que enfim ,
o VENTO veio soprar e folhas
deste outonoprimevo fez abanar,
tô bêbado de seu ritmo
 e minto d'ementa e renda branca
se nã espreito ,
na tenda e nã molho a pena ,
no que entendo ser minha sina ,
nã despida nem despedida ,
ser tu e eu ,
 em frase comprida,
ser rego prego e agua desabrida ,
voçê me faz bem Mariana
obrigado por ser minh'mana minh'amiga.

photogracias Jorge santos

Curvas Maradas




Hoje tô marado,
Mergulhado e madraço ,
Não te maço,
Tudo o que faço é mais um laço que faço e desfaço á volta do braço ,
Tudo o que valho é palha'd'aço
E sirvo p'ra limpar tacho do melaço.

Hoje nada valho e o enchumaço que carrego nos ombros não passa disso mesmo,
Um saco vesgo ,
Vaso de lastro ,
Que p'ro fundo lastra ,
P'ro fundo vasa a murraça ,
Amanhã isto passa...Ciao , piu bella , Phyllis.

Jorge Santos

Vem dançar a valsa

Na minha gaveta
/voçê é o demonio que me apoquenta
/e raios de luz me desfaçam /
a letra e a lente se de repente
/não vire raio de sol /
e nem nas bruxas confrio /
confie/
 elas a fazer pão mole
/ nos lados da terra do pitrol/
quer dizer ,na babilonia /
,e voçê sentada no parapeito/
 com uma vela acesa a preceito/
 pra qu'eu apareça perdido
/na nevoaça que nem negaça
/,aqui tõ eu ;quem te não te larga
/e na minha gaveta guarda a caça que afugentas /
,voçê é da minha raça
/raio de sol


Jorge.Santos

Beco

Florença , fim de tarde , quasi notte,As mãos delas, unhas rebeldes em luz fosca de velas ,circulavam e rodopiavam ,dir-se-iam de plantão plantados em rua viela apagada e nocturna , as muitas videntes ,novas e velhas.
 À volta de bolhas de cristais translúcidos , mariposas esvoaçam enquanto sons abafados intangíveis criam uma atmosfera densa fragial no ritual de videntes da Florença  fim de tarde.
Jo avança , por entre aquela multidão que dança em rodas de bruxas , bruxos , alguns turistas e carteiristas italos , indiferente ; caminha , perante ele abre-se a porta da catedral renascentista da cidade ,convida-o um monge tapado a preceito a entrar ,ele olha para tras sobre os ombros ainda o monge não se tivesse enganado e pergunta-lhe susurrando: -quem ? eu? ao que o monge baixa a cabeça em sinal afirmativo.
 Os passos ecoam na Basílica ,o esvoaçar de uma coruja perto do altar e a luz pouca que se esgueira pelos vitrais penetram fundo no espírito de Jo,como se aquele segundo congelado jamais o abandonasse e o perseguisse fosse para onde fosse na demanda mística que se propusera anos antes.
Aquele segundo , tinha-o visto de soslaio nas auras de cristal da rua das videntes.
"o ouvido de deus"
(continua)

Jorge Santos

Forte e Ìndizivel

Quando ao toque forte rubor acresce ,
Cresce um nome indizível ,
 Nem os lábios o traduzem ,
E tão claramente bem vemos os símbalos sensíveis ,
O sonho ,dizem "comanda a vida",
Urge querer e amar os simbolos que deixamos ,
Quando abandonarmos este sonho magnífico,
Ficará o nosso cheiro a mato e o pensamento suave nestas paisagens bucólicas,
Aos nossos filhos e aos filhos dos nossas filhas,
O sonho de um dia talvez igual ao deles,
Para que não esqueçam o ontem ,
A vida eterna não existe ,
Mas um nome indízivel de agora nos lábios dos Homens do futuro poderá ser o nosso legado,
Um nome que todos esqueçemos no urgente do ainda agora ,
A essencia está no amor profundo à natureza ,
A Nós , ao nosso toque ruborizado a rubro em palete sensivel ao verde.

 Jorge Santos

Brilha uma saudade eterna

Brilha uma saudade eterna ,
Perene,transcende-me em um vício vínício de mais
E os maiores dos meus suspiros partem-me de manso o peito,
Estilhaçam-me vitrais e o coração de vidro e papoilas ,
Sinto já fronteiros os cravos e os cheiros de teus lânguidos beijos ,
Brilha na grisalha barba por fazer,uma saudade que impregna a pele de um vicio benigno ,
Meu vinho é voçê e se vinho aqui depois da vindima
É porque a adega não fechou nem ainda nem mais ,
Ha uma uva meio despida que dá um vinho que vibra ,
Merlot ,esse é o meu vinho e a minha vida ,
Como tranlúcidas asas amo a vida em esvoaçares de mariposas
Em torvelinhos de rosas ao meio-dia.

 JORGE SANTOS (sempre)

Flores d'areias

o coração/lago
escorre fininho,
na ampulheta-do-tempo
e desenha curvas na passagem
do vento,curvas no rumo de pensamento e no paladar
agoirento.Ai, no falar não tanto porque as palavras não têm gosto certo
e , em certo tempo , sinto palavras dentro promptas a saír , a todo o momento
e kilometros-de-areias-quentes nos corações jazzeu.

Jorge Santos

Pano Inclinado

AMANTES
Dois amantes felizes, não têm fim, nem mor te,
Nascem e morrem tanta vez, enquanto vivem,
Eternos, como a natureza, o seu dote
É o trapézio e o circo, malabaristas sem

Feira, com esteiros de brilhos, nos olhares,
Em restos de cometas e, sem eira nem beira
Escondem os cios, nos baldios e arredores,
Bêbados, cultivam contínua bebedeira.

Nas multidões, choram e riem a duas vozes,
Com tições e suor se perfumam, os amantes.
Orgasmos sem fim esganam de tal maneira
Que a morte, não tem ali nem artes, ou partes,

Nem deixas, quando chega, o fim da idade,
É pelos dois, que os sinos, tocam e rebatem,
Diz-se, na cidade, que os seus olhos brilhavam,
Cheios, da louca felicidade, que viveram,
Aqui, em toda a parte; e nasceram, outra vez.


Jorge Santos

espanto!

O espanto de uma criança,

Perante o sentido de liberdade,
O sorriso da tenra idade e depois,
No fim, tu hás-de ver, que as coisas mais leves, são as únicas,
que o vento não conseguiu levar,
um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento.
esse cheiro que o vento traz e diz saudade
no despertar da esperança ,em ser de novo criança.

Lord Buddha

Às Vezes Tenho dias Felizes


Às vezes, tenho dias felizes,
Em ideias , nas palavras também,
Que naturalmente me perseguem,
Vidas de diferentes raízes,


Alinham-se-me todas na mente,
Sem uma só razão aparente
E grudam-se ao céu-da-boca,
Como a pastilha elástica,


Algumas são inconsistentes
E nem por isso surdos as ouvem
S’até entre linhas se dissolvem
E n’outros dias gregos, nem me tentes.


Às vezes tenho dias cinzentos,
Saídos dos contos, em remendos
D’ era uma vez e, ás duas por três,
Dou de caras com as mesmices

Alimentadas de bazófias,
Banhando-se nas pantanas brumas
Dos dias pretos do tanto me faz
Ser refrão d’alcatrão ou alcatraz

Às vezes tenho ditos fetiches
E dias rascas de sangue frio,
Outros nem em mim acredites,
Tenho dias que nem em mim confio

Tive outrora dias fieis,
Que regressam felizes nos sonhos
Em dias festivos delicados,
Mas dias feios foram mais.

Às vezes tenho seis dias f’ lizes
Com os céus sem pontas de ventos,
Outros uivos, matilhas de lobos
Ós’montes,irados ,sem estrofes.


Jorge Santos

ir e não votar

Preto e branco

LX

Sorrisos

Banco d'Mar

Regresso das Caravelas


Sei que a borboleta não sorri p'ra mim assim,

Sei que a borboleta não sorri para mim assim,só e só,
Mas gosto de pensar tal , gosto de pensar que vive só para meus labios ver balbuciar,
Que nem os simples mortais a podem ver , parar nos meus olhos,na minha boca tal,
Nos meus cabelos curtos , em todos os meus cheiros , em todos os meus  poros e cursos de agua,
Em todas as minha pedras e florestas ,gosto de imaginar que é uma fada , que me proteje,
Da intemperia e da media luz , dos medos e do troll,
Tem refugio no fundo do condado,sei que a borboleta é feliz embora não sorria só para mim.
Faz dos meus sonhos uma verdade,borboleta,sorri mais uma vez.

Jorge Santos

Um dia

Um dia , o vento
Tinha um cheiro indizível,
Audivel que nem o profeta , conseguia explicar ,
Nem era estético , nem era magico , era um cheiro , longinquo a ti,
Me deixava sentir dormente , fluente nas linguas todas,
Que não sabia contornar,
Era um versiculo e um verso , era um poema, era uma resma de sons ,
E o vento soprava,
Soprava , por oceanos planos e potentes , por  entre silabas e verbos diferentes ,

Um dia , o vento não se calou mais,
E o cheiro colou-se a mim , para não me deixar ter sossego,
Para , não mais , parar de escrever , com ele.

O vento , tinha um cheiro de hortelã e sertão,  a pimenta e mangericão,
Minha alma ,  ferrugenta , mais não aguenta , tal infusão.

Jorge Santos

Ttukunak (instrumental deTxalaparta)

Como soubes-te que estava aqui,
Escondido sob o reposteiro,
Do limoeiro ,
Sentiste sem dúvida o meu cheiro,
A pinheiro bravio,
E o meu calice frio de menta/minto
Ao cometa que te disse que estava de visita,
Nem por isso consigo ver-te,
Pela mata ,bonita de verde
Sob a frondosa Tília que plantei
Em tua honra na casa linda ,
Que é , teu coração,

Como soubes-te que queria a tua atenção,
 Mesmo escondido , nos pinheiros que partem,
 Depressa , para a serração
 E diga o que diga nem mais  param ,
As maquinas do tempo , numa aceleração recta,
Que a meta , vem depressa , mais depressa que supunha de ante-mão.

Jorge Santos

Ser de mim

O que quero ser,
Quando estiver reunido ,
Contigo na constelação do olimpo,
No mais limpo dos quartos ,
Tu menina e eu arlequim plantado,
Num vaso de jasmim de quadro pintado ,
E contigo d'estrofe não ser mais orfão ,
Na razão do ser.

Sei que não precisa responder
Porque tudo o que pensa soergue-se no cheiro do jasmim
E do jardim do eden.

Jorge Santos


Outono

Manda-me um mandala de papel,
Com a prima dela presa por um cordel,
 Na mesa e no corcel ligeiro
 Não va perder-se no papel e no ceu
 Manda-me o primo vero, primo
 Dele numa pomba num pastel
Com frame não me equeça a côr de cor
E pinte primavera fora de mim d'outras
 Cores que não essa ,
Vera e flores deveras belas ,
Amores renascidos calices partidos
 Mandalas de papel ,
Deves-me uma primavera fluida
Na minha tua vinda cá d'outro ano,
Primavera boa , primavera vá...vem já ,d'outonos tou tão só.

Jorge Santos






Fogo deixa rasto

Por seu calor me rendo,
Seu clamor me fende,
Me defende do rigor do tempo,
Do medo,
Da fraca figura que erra,
E me giganto todo rouco,
Sou eu nos olhos seus,
Me calo por pouco, quando,
E só quando não tenho arte,
Mas quando ardo,
De fogo deixo rasto,
Em Marte e cavo de enchada, tomate,
Nas vinhas da arte,
E por seu calor me rendo,
Até ao firmamento,
Ao mando profano
E ao tudo-humano,
Culto divino,
Eu sou mando de tudo,
Bruxa bruxinha, salve rainha,
Teu amor me defende ,
D'escravo e do vazio,
Que supera ,por vezes e cala raizes frouxas,
De escrevas presas em maleitas vesgas.



 JORGE SANTOS

im@gin


secreis tatuados em pele e papeis,
Revelam lexos complexos,
Permissões agredidas e musicais,
Degredos sem presos,
Pedras filosofais,
Murais itacos frescos,
Penas demais capitais,
Revogam culpas que bailam,
Nos meus subterraneos sensuais.




Joel Matos

Abelharuco

Tudo em nome da verdade,
Suspira o mestre Tecelão,
Que hei-de tecer no abelharuco,
 Se meus olhos não valem nada,
Não vejo nem verei ,
Minh'obra terminada,
Nem sei que fazer
 A este montão de linha verde,
E à outra mais encarnada
E à cor amarela de flor,
Diz-lhe o aprendiz de pronto:
-Não temas mestre Agapito tecelão,
Mudaremos o nome à obra quando terminada,
"Abelharucos-colhidos-nos-dias-de-irrealidade",
Assim fazem ,os personagens furtivos da tua mão,
que correm pela cidade.
Suspira mestre tecelão de novo:
-É verdade ; tens toda a razão,
Vê , como bailam felizes , no que pensam , ser real,
Os bonecos que crio,
Em madeira e lã , onde está a verdade?
Sorri mestre Agapito , mirando
Pinoquio por sobre os grossos oculos.

 Jorge santos