Florença , fim de tarde , quasi notte,As mãos delas, unhas rebeldes em luz fosca de velas ,circulavam e rodopiavam ,dir-se-iam de plantão plantados em rua viela apagada e nocturna , as muitas videntes ,novas e velhas.
À volta de bolhas de cristais translúcidos , mariposas esvoaçam enquanto sons abafados intangíveis criam uma atmosfera densa fragial no ritual de videntes da Florença fim de tarde.
Jo avança , por entre aquela multidão que dança em rodas de bruxas , bruxos , alguns turistas e carteiristas italos , indiferente ; caminha , perante ele abre-se a porta da catedral renascentista da cidade ,convida-o um monge tapado a preceito a entrar ,ele olha para tras sobre os ombros ainda o monge não se tivesse enganado e pergunta-lhe susurrando: -quem ? eu? ao que o monge baixa a cabeça em sinal afirmativo.
Os passos ecoam na Basílica ,o esvoaçar de uma coruja perto do altar e a luz pouca que se esgueira pelos vitrais penetram fundo no espírito de Jo,como se aquele segundo congelado jamais o abandonasse e o perseguisse fosse para onde fosse na demanda mística que se propusera anos antes.
Aquele segundo , tinha-o visto de soslaio nas auras de cristal da rua das videntes.
"o ouvido de deus"
(continua)
Jorge Santos