Um dia , o vento
Tinha um cheiro indizível,
Audivel que nem o profeta , conseguia explicar ,
Nem era estético , nem era magico , era um cheiro , longinquo a ti,
Me deixava sentir dormente , fluente nas linguas todas,
Que não sabia contornar,
Era um versiculo e um verso , era um poema, era uma resma de sons ,
E o vento soprava,
Soprava , por oceanos planos e potentes , por entre silabas e verbos diferentes ,
Um dia , o vento não se calou mais,
E o cheiro colou-se a mim , para não me deixar ter sossego,
Para , não mais , parar de escrever , com ele.
O vento , tinha um cheiro de hortelã e sertão, a pimenta e mangericão,
Minha alma , ferrugenta , mais não aguenta , tal infusão.
Jorge Santos