Por seu calor me rendo,
Seu clamor me fende,
Me defende do rigor do tempo,
Do medo,
Da fraca figura que erra,
E me giganto todo rouco,
Sou eu nos olhos seus,
Me calo por pouco, quando,
E só quando não tenho arte,
Mas quando ardo,
De fogo deixo rasto,
Em Marte e cavo de enchada, tomate,
Nas vinhas da arte,
E por seu calor me rendo,
Até ao firmamento,
Ao mando profano
E ao tudo-humano,
Culto divino,
Eu sou mando de tudo,
Bruxa bruxinha, salve rainha,
Teu amor me defende ,
D'escravo e do vazio,
Que supera ,por vezes e cala raizes frouxas,
De escrevas presas em maleitas vesgas.
JORGE SANTOS