Quem vos deu penas, pra irdes vestidos de trapos,
Quem vos deu o dentro, se não mitigais o desalento,
Quem vos deu cada gota de saliva onde morreis alagados
E nas palavras cruas que vos não saem pelo grito.
Quem vos dissolveu, na vontade das feras mansas,
Quem vos tirou a verdade e a revolta da alma,
Quem vos amarrou, nos cobertores às camas,
E nos rostos das vossas crianças, a solidão estrema.
Quem vos atirou o medo pra gamela,
E a angustia p’la janela do quarto adentro,
Quem vos injuria, como meros cães de palha,
Se nas batalhas d’antanho vos invocou de guerreiro.
Quem vos roubou a serenidade do olhar,
Quem vos vendeu dos ombros aos artelhos,
Sem permissão para sequer correr, sonhar
Por noites lunares e bondosos amos…
Quem…
Joel_Matos (02/2013)