(Na hora mais despida)





Que seja eu, os meus pedaços
E todas as mãos que me lerem,
Espiem meus passos, sejam laços
Juntados, pontas que estes não têm,
E os nós destes,

O decotado perfil, do que nem creio,
Sem a verdade p’lo meio, espécie d’enleio
Da imaginação febril que odeio,
O indício irrefutável que m'alia ao alheio,
Nós da voz, súbdito da gaguez.

Que seja eu ,os meus pedaços,
Nos bosques espalhados, aos lobos
Porque são versos, porque não versos?
Alguém reclamou achá-los?
Rodos de chavões,

Para meninos do coro,
Quero o prémio do efémero ,
O murmúrio crível e caseiro,
O lado de lá do futuro, quero
Que seja eu, aquele quem mais conheceis,

Que seja eu, os meus pedaços,
Os espaços entre os demais astros,
O palco e os beiços dos palhaços,
Que sejam meus, os despidos abraços,
Que vos deixo em confissões…

(Na hora mais despida)




Jorge Santos (02/2013)