Pra’lém do que há, o mais certo é não haver
Mais nada a juntar ao que já existe…
Ideia absurda - a realidade ser equidistante,
Da visão dum louco, quanto do meu ver.
Em encontros casuais com a realidade,
Parecemos formar um par perfeito,
Funcional, diria até, um casal de respeito,
Que acaba discutindo como qualquer outro.
Coloquemos, entre quatro paredes, sem ar,
O quadro a óleo, de uma pintora morta, praticamente famosa…
Continuará abstrato, na anónima estrutura do pretenso lar,
Como uma peça morta, do que se pensa ser- A NATUREZA-
Assim somos, eu e a realidade, descremo-nos,
Mas procuramo-nos mutuamente, nos pensamentos
Um do outro, ansiosos, como tudo enquanto espera.
Apenas não creio que seja efetivamente verdadeira
Ou quem diz ser, estando eu um passo distante dela.
Pra’lém do que há, haverá sempre, uma versão outra
Do real, escarrapachada nos céus, feita linha ou tela
E um poeta acerca, que no fundo, tudo o resto ignora.
Jorge Santos (01/2013)