Curtos dedos



Amarro-me eu, pl's beiços 
E a mim mesmo, plas cordas que teço, 
Não faz mal que sejam pequenas ou finas, 
Assim tenho os mesmos lugares 
No mundo onde me perder 
E o fôlego todo, 
Pra tecer coisas mais duráveis, 
Qu’estes curtos dedos.

Sei que preciso de Primaveras em meu colar,
E do calor do Verão pra derreter o gelo,
No olhar e no beiços aramados,
Que resistem e me prendem a estas paredes
De cal e gesso, brancas como neve de gelo,
Duras do arame em estuque...


Jorge Santos (01/2014)