Vivesse eu na paz dos imortais



Vivesse eu na paz dos imortais

Tivesse eu, fé nos lábios meus, quando escrevo
E majestade nos dedos; resgataria o frenesi
Cativo nos frutos da paixão, tornaria servo
O aroma do azul motim e o esplendor da relva no jardim
Tivesse eu, a fé de recheio em mim, como um ovo,

Que nem humildes nuvens me suspendem os beiços,
Como posso sentir, o sentir de Deus, em “technicolor”
E alterar o pão em vinho se depois, reparto pedras, teixos
E amostras sem valor de poemas “multiflavor”.
Antes que os medos e o receio me vençam, quero ter dedos,

Como se falassem a Deus, na fala de Prometeu. Se s’crevo,
O que não diria eu, sendo dele, pra’além d’afiançar
Ser sentido, apesar de não ser real, o meu canceroso acervo.
Vivesse eu, na paz que os imortais assumiam como seu samsara
E pudessem minhas mãos florescer, na estação do novo,

Teria eu, fé nos lábios meus, enquanto soberano
E poderia ter ameias de plácidos castelos, nos rombos dedos.
Vivo eu no contraditório dos normais,
Sou desconhecido nesse paradeiro e meu dom,
Habita escondido, sem o saber, no coração dos imortais…

Joel matos (03/2013)