Nem Que

nem que me rotulem de travesso
que não abdico viver no rio solidão
e o disfarce me virem do avesso
(ainda assim)
nadarei na corrente e turbilhão.

jacaréu na panela d'agua quente
rei preto no tabuleiro de xadrez
serei tudo que o destino invente
e permita nadar na minha desfaçatez

ando barbudo de um lado e d'outro
desta cara de vagabundo matreiro
onde o mar barbeia e cria o mexilhão

fiz um sinal gigante na areia da praia
quando vi aparecer no longe uma sereia
mas ela não, não viu,fugiu da minha solidão


Jorge Santos