Nem sei que torto vento...



A ideia de viajar seduz-me
Como um pecado,
Tenho os cheiros e sons a lembrarem-me
Em outro lado,

Como uma aragem fresca,
Que me invade quando penso
E é então que um torpor de Coca
Acalma este ardor intenso

E esta Sede de liberdade,
Mas continuo sedento
Por dentro, a intranquilidade
Confesso-a ao vento leste, lesto…

E no pensamento viajo…viajo
E no cansaço eu repouso,
Apesar d’o chão ser rijo 
E distante da sede a agua e o poço,

A mudança das horas e dos dias
É uma penitência e um castigo,
Como se fossem estrangeiras,
As horas. O tempo cego

Está sempre presente, ausente o meu coração
Marujo sem porto, nem abrigo …
E no pensamento viaja a minha solidão,
Sem saber do torto vento que eu ainda persigo.

Jorge Santos (01/2012)