Tudo e isto …
Tenho por costume sentir tanto
Como se nada viesse doutros tinos, o uso
Que tento dar ao sentir como sentisse
Real tectos falsos, estou reduzido
Ao que sinto, sentindo tão pouco
Embora tanto, mas tampouco são
É o pensar que muda fácil, descalço-me
E subo os veios duma figueira-brava,
Não é inteligência nem puro raciocínio
Este jogar de cartas fácil por debaixo
Da mesa, são antes os dados da roleta,
A raiz em números desta ilusão de dizer
Certas coisas que sinto como água benta
Correndo mil vezes mais lenta nas veias
Que chuva de parafina quando cai à vista
Fixa ao pensamento, se é que ele existe
Apenas porque o tento alcançar tanto,
Causa perdida tara breve, mentira,
Embuste, simbiose, ficção que parece
Quase graça mas faz lembrar maldição
Ou a guerra dos sentidos de encontro
Às paredes do estômago, mais-valia eu ter
O enjoo do alto mar em vez de sentir tudo
E isto …
Joel Matos (02/2017)
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